11 de outubro, 2024

Por que a mídia reverberou tão negativamente o segundo maior lucro da história da Petrobras?

Por Francisco Tramujas

Antes de avançar sobre o tema, gostaria de destacar alguns pontos importantes para uma análise objetiva da Petrobras.

– Queda de 33,8% de seu lucro líquido, que saiu de 188,3 bilhões de reais, em 2022, para 124,6 bilhões de reais .

– Com o anúncio da queda do lucro líquido da companhia, existe justificativa para a queda das ações em 15% em apenas 1 dia?

– Em 2023 às ações da Petrobras valorizaram 73,76%.

– Nos últimos 12 meses as ações valorizaram 62,07%.

– 71% do petróleo brench produzido pela Petrobras hoje vem do pré sal

– Em 2022 o Brasil redistribuiu 60% do seu lucro líquido a investidores, tornando a petroleira brasileira a maior pagadora de dividendos do mundo.

– Em 2023, já sobre novo governo, a Petrobras sinalizou que reduziria de 60 para 45% o percentual do pagamento de dividendos aos acionistas, e agora em 2024 a empresa anunciou que reduzirá o repassa de dividendos para valores mínimos obrigatórios por estatuto de 25%.

– A Petrobras anuncia o investimento em outras áreas, inclusive na produção de fertilizantes.

– Em novembro de 2023 a Petrobras anunciou o investimento de US$5,5 bilhões em energias de baixo carbono até 2028.

Queda do Lucro da Petrobras: Uma Análise Crítica

 

No cenário dinâmico e volátil do mercado financeiro, é comum que os resultados das empresas sejam interpretados de maneiras diversas, muitas vezes influenciadas por narrativas distorcidas que permeiam a mídia e os investidores.

Recentemente, a Petrobras experimentou uma queda significativa de 33,8% em seu lucro líquido, saindo de 188,3 bilhões de reais em 2022 para 124,6 bilhões de reais em 2023. No entanto, a reação negativa da mídia e dos investidores parece ter sido exagerada, considerando diversos fatores relevantes que merecem uma análise mais aprofundada.

 

A primeira questão que merece destaque é a drástica redução de 18% no preço do petróleo Brent, conhecido como petróleo cru. Em 2023, o barril oscilou entre US$70 e US$90, enquanto em 2022 mantinha-se na casa de US$120. A correlação direta entre a queda do lucro da Petrobras e a redução no preço do petróleo não pode ser ignorada, uma vez que a empresa é fortemente dependente desse recurso natural.

 

Além disso, é crucial destacar o contexto em que a Petrobras opera, com 71% do petróleo brasileiro proveniente do pré-sal. Este cenário impõe desafios particulares, considerando a complexidade e os custos envolvidos na extração desse tipo de petróleo. A companhia enfrenta constantes demandas de investimentos em tecnologia e infraestrutura para manter e expandir sua produção no pré-sal, o que, por sua vez, impacta diretamente em seu resultado financeiro.

 

É notável o esforço da Petrobras em diversificar suas operações, anunciando investimentos em novas áreas, incluindo a produção de fertilizantes, além de se comprometer com a transição para energias de baixo carbono, destinando US$5,5 bilhões até 2028. Essas iniciativas refletem a adaptação da empresa aos desafios contemporâneos e sua visão estratégica para um futuro sustentável.

 

Entretanto, a reação negativa da mídia e dos investidores não pode ser totalmente dissociada das mudanças na política de distribuição de dividendos da Petrobras. Em 2022, a empresa distribuiu generosos 60% de seu lucro líquido aos investidores, tornando-se a maior pagadora de dividendos do mundo. No entanto, sob novo governo em 2023, a Petrobras sinalizou a intenção de reduzir essa porcentagem para 45%, e em 2024 anunciou uma redução ainda mais significativa, para 25%, o mínimo obrigatório por estatuto.

 

Essa mudança abrupta na política de dividendos pode ter contribuído para a queda das ações em 15% em apenas um dia após o anúncio da redução do lucro. No entanto, é imperativo entender que a empresa busca equilibrar seus compromissos com acionistas e as necessidades de investimento para garantir seu crescimento sustentável.

 

Portanto, ao avaliar a performance da Petrobras em 2023, é essencial considerar não apenas a redução do lucro líquido, mas também os desafios específicos do setor, as ações estratégicas da empresa e as mudanças na política de distribuição de dividendos. A mídia e os investidores da Faria Lima devem adotar uma abordagem mais ponderada e crítica, reconhecendo a complexidade do cenário econômico e a importância de uma análise mais holística das circunstâncias.

Sobre o colunista

Francisco Tramujas

Especialista em Planejamento estratégico com foco nas seis áreas da Gestão (Estratégia, Financeiro, Pessoas, Comercial e Marketing, Processos e Projetos).

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